Minha filha começou hoje as aulas em uma nova escola. Como em todo começo ela se deparou com a ansiedade do desconhecido e o medo de não ser aceita. Ontem à noite, naquela"conversinha" boa antes de dormir, falávamos sobre o dia de hoje. Ela me disse que não queria ir à escola, pois estava acostumada com os amigos que já tinha. Eu disse que seria bom fazer novos amigos. A resposta que recebi foi surpreendente: "Os amigos que eu tenho são suficientes!". Eu de queixo caido (levei a vida inteira para ter certeza disso e ela aos 5 anos já sabe!), concordei, mas disse que mesmo assim ela iria para essa nova turma.
A entrada na sala foi difícil. Minha menina me abraçava e dizia que não queria entrar de jeito nenhum. Fomos ver uma amiga querida da turma do ano passado e essa fofa estava ótima. Isso nos ajudou, mas mesmo assim... Consegui que ela me deixasse entrar para ver a sala. Lá os cantos a atraíram pouco. Logo a professora ofereceu abrir um canto de massinha. Ufa! A massinha ajuda a acalmar e unir. Em poucos minutos todos estavam ao redor da mesa e enfim os outros cantos foram fechados e este se tornou o centro da sala. Percebi que era hora de sair. Dei
ciao e falei que estaria tomando um café com minha amiga Bianca. Quase na porta resolvi testar a eficácia da minha estratégia e ao mesmo tempo testar o amor dela por mim. Pronto, consegui. Fui dar um beijo e ela caiu no choro. Sempre vi essa cena nas mães dos meus alunos e pensava que jamais faria isso. Como a gente se engana quando está do outro lado. Nunca tinha vivido a experiência de ser apenas mãe.
Na hora da saída a encontrei feliz, envolvida em uma atividade. Sua expressão era de conquista, de contentamento. Levei para casa minha pequena um pouco mais segura e feliz por ter conseguido vencer a timidez de começar a fazer novos amigos.
O que ela precisava era apenas de um leve empurrão, precisava que eu não desistisse, que a mantivesse corajosa. Mas como fazer isso se eu estava em dúvida? Acho que o aprendizado dessa história está aí. Por causa dela precisei deixar de lado algumas crenças e me empurrar, não desistir e ser corajosa. Como aprendemos com nossos filhos...
Agora ela está dormindo, e a preparação para o amanhã me provou que encorajar nossos filhos a superar desafios é a melhor forma de amá-los. Ela arrumou a mochila com muito carinho e atenção para não esquecer nada, lemos juntas a lista do lanche para escolher se ela levará lancheira ou não e separamos a roupa para o dia seguinte. Vejo minha mais velha se organizando para estar com o grupo de novos amigos e feliz por estar conseguindo guardar na memória a falta que suas grandes amigas fazem na hora do parque: "Mãe, não dá para ir no "polvo", nem brincar de espiã; falta a Bruna e a Duda para se juntar a mim e à Titi." E eu termino o dia dizendo:
"Vocês farão novos amigos, que se sentarão no "polvo", serão espiões e a vida vai seguindo em frente."